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01 maio 2009

Mônica Kanitz - Para Não Ser Esquecido


O Jornal do Comércio do Rio Grande do Sul, em seu Caderno Viver - Edição de 17, 18 e 19 de abril de 2009 de no. 48, publicou na página 9 na seção Memória, matéria assinada por Mônica Kanitz com o título de Para Não Ser Esquecido.


A empresária Lilian Gonçalves ficou sabendo que era filha de Nelson Gonçalves em meados dos anos 1970, quando sua mãe, Maria, estava no leito de morte e falou do passado. A garota, então uma adolescente, não tinha muita ideia de quem era o tal artista que tinha tido um caso com Dona Maria durante uma turnê por Minas Gerais. Aos poucos, foi se acostumando com a imagem dele na televisão, tomando conhecimento da sua importância na música brasileira e virou fã. Mas foi só em 1991, já estabelecida em São Paulo, que ela decidiu revelar seu segredo. "Eu estava bem de vida, tocando meus negócios e queria resolver esta história", conta a própria Lilian, que é dona de vários bares e restaurantes na capital paulista. Um deles, inclusive, é temático em homenagem a Nelson Gonçalves. Fica na rua Canuto de Val, no bairro Santa Cecília. "As mesas, as cadeiras, as paredes e até o cardápio contam a história dele".


O inusitado é que Lilian reveleu que tinha um pai famoso em um livro autobiográfico, A Vida Brilhando em Neon, sobre sua trajetória de empresária. "A imprensa acabou nos aproximando. E o Cauby Peixoto, que fazia shows nas minhas casas, deu uma mãozinha", acrescenta. Quando ela teve a oportunidade de conhecer o pai pessoalmente, deparou-se com um senhor "muito tímido e querido", já com saúde debilitada. "Perguntei se lembrava de minha mãe e ele disse que sim, deu até detalhes dela. E eu falei que a minha mãe nunca tinha se esquecido dele e que tinha morrido de amor". Nos poucos anos em que conviveu com o pai, a empresária fez questão de promover vários shows de Nelson Gonçalves em São Paulo. No começo. os outros filhos do artista - são nove reconhecidos - pensaram que ela estaria interessada em alguma herança. "Mas fui logo avisando que não queria nada. Meu prazer era ouvir o Nelson cantar, colocá-lo em contato com o público. Ele gostava muito de dar autógrafos".


A história de Lilian é apenas mais um episódio na polêmica tragetória do artista, considerado, até hoje, o maior cantor do Brasil e nascido em Santana do Livramento, por um acaso. O envolvimento com as drogas, a infância pobre, os problemas de saúde e os muitos casos amorosos, não suplantaram a sua obra musical como intérprete na memória de seus fãs. Neste final de semana, eles lembram os 11 anos de sua morte - ocorrida em 18 de abril de 1998, quando ele tinha 78 anos-, o que será mais um motivo para homenagens. "Meu pai tinha um grande medo de ser esquecido, falava que não queria que fizessem xixi na cova dele. Por isso fiz o bar, não quero que a imagem dele se apague". Lilian, que tem uma conversa solta e camarada, não guarda qualquer mágoa do passado. Quando se trata do pai, toda referência é carinho e de admiração. "Ele tinha um carisma impressionante. Lutou muito pela vida, pelo ofício de cantar. Era um guerreiro. Sempre digo que o artista é uma ilha cercada de bandidos por todos os lados, tem que saber se proteger". comenta a filha.


Enquando se dedica a manter viva a história do pai, Lilian lamenta que um DVD reunindo registros históricos não chegue ao mercado, "por conta da ganância de um músico, que está pedindo uma fortuna em direitos autorais". Se tem música preferidas? "Várias, mas A Volta do Boêmio é a que marca mesma a história dele. Nunca canso de ouvi-la."




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